Por
Anderson Brandão
Todos
já sabem que tenho um filho de seis meses de idade. O que muitos de vocês não
sabem é que ter uma criança por perto não é nenhuma novidade para mim. Em
muitas oportunidades precisei trabalhar com a orientação física delas. E é
justamente a orientação física de crianças que vou abordar esta semana aqui no
Blog.
Entendendo
as crianças;
Em
primeiro lugar o que é ser uma criança? Uma criança é um ser humano no início
de seu desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas do nascimento até um mês de
idade, bebê entre o segundo e o décimo oitavo mês e criança quando têm entre
dezoito meses até oito anos de idade (pré-púbere, antes da puberdade,
crianças). Crianças pré-púberes estão em franco desenvolvimento e longe de um
estágio maturacional que as permitam muito esforço. Mas isso não quer dizer que
estas devem ser sedentárias (sedentário = não faz exercício físico
regularmente). Pré-púberes devem se exercitar com atividades compatíveis ao seu
estágio de desenvolvimento motor, psicológico e principalmente fisiológico.
Isso lembra alguma coisa?
Crianças
devem simplesmente brincar;
Brincadeiras
como: ir ao parque, jogar bola, andar de bicicleta, brincar na piscina do
clube, pique pega, amarelinha, queimado e tantas outras atividades divertidas,
são as mais indicadas para esta fase do desenvolvimento humano. Atividades
lúdicas ajudam a desenvolver todas as qualidades físicas treinadas dentro de
uma academia e em muitos aspectos são melhores. Brincando elas expressam seus
sentimentos, interagem com o mundo e o cotidiano, aprendem regras (como ganhar
e perder), desenvolvem a inteligência e a autoestima. Na esfera física, ficam
mais fortes, mais rápidas, com mais coordenação motora e um peso corporal mais
baixo. Acredito que seja possível conseguir tudo isso em uma academia, mas
brincando é muito mais divertido, não é?
Para
criança brincar é coisa séria;
Coisa
séria sim, profissional não. É preciso entender que crianças não são adultos em
miniaturas (elas estão em desenvolvimento). Quando submetidas a atividades com
exigências muito maiores que aquelas descritas acima, problemas graves podem
surgir.
Especialização
precoce;
Quando
privamos nossas crianças das atividades lúdicas e as incentivamos a praticarem
atividades mais especializadas (esportes competitivos, por exemplo), estamos em
muitos casos incentivando uma atividade incompatível com seu estágio de
desenvolvimento. Estas atividades podem gerar fadiga excessiva, problemas
articulares e compensações funcionais no primeiro momento. Mas as sequelas
podem se estender até problemas respiratórios, cardiovasculares e psicológicos
(este último muito comum).
Só
para exemplificar e sem nenhum tipo de preconceito com as atividades descritas,
tenistas mirins frequentemente tem epicondilite (inflamação dos epicôndilos),
ginastas mirins sofrem com dores lombares, jovens corredores são acometidos com
problemas respiratórios e outros “pequenos atletas” apresentam quadros
deletérios à saúde física e psicológica. Isso faz sentido?
Esporte
não é igual à saúde, mas pode ser;
Sempre
me lembro desta frase: Esporte é saúde! Isso não é verdade. Esporte não
competitivo é saúde. Esporte competitivo não faz bem a saúde. Em sua maioria,
atletas precisam lidar com estresse e dor o tempo todo. Agora imaginem as
crianças? Quando você assiste a uma partida de voleibol para crianças a bola é
mais leve ou menor? A quadra é diferente? Se não estamos falando de adultos em
miniaturas, não seria mais correto ter tudo adaptados para elas? Na natação, no
atletismo, no tênis, na ginástica olímpica e em outras tantas atividades, isso
também não ocorre e em algum momento estes pequenos detalhes farão toda a
diferença.
Crianças
podem praticar esporte;
Mas
todo o trabalho deve ser supervisionado por um profissional de educação física
e voltado a ludicidade. Ela deve brincar durante as atividades, sem pressão
alguma por resultados, sem a obrigação com a frequência em treinos, sem
competições, sem concorrência com outras atividades igualmente importantes para
seu desenvolvimento e devem ser educadas a praticarem esportes porque gostam e
não porque precisam.
Crianças
podem frequentar academia;
Crianças
podem frequentar a academia de ginástica, desde que supervisionadas e com
motivos próprios para isso. Mas nunca a academia de ginástica deverá
substituir totalmente as brincadeiras ou os esportes não competitivos (leia-se
academia de ginástica = Musculação, Pilates e exercícios ergométricos).
Crianças
podem fazer musculação;
A
partir de oito anos de idade, sim. Parece loucura não é mesmo? Mas se seu filho
odeia esporte e adora ficar parado na frente do computador o dia inteiro, você
deve pesar o que é melhor: Ele ir para a academia fazer exercício ajudando o
desenvolvimento físico, social e psicológico ou ser sedentário engordar e ter
problemas de saúde. O que você acha melhor?
Esta
matéria foi apresentada no Fantástico no dia 01/11/09. Assistam ao vídeo e
tirem suas conclusões.
3 comentários:
Maneiríssimo o texto. Vou mandar pros meus amigos e parentes que são pais de crianças que ainda vão brincar muito por aí, e guardarei pra quando tiver os meus filhos!
Muito boa a matéria... sempre tem alguma coisa que a gente nunca pensou, né, impressionante! Realmente tudo deveria ser adaptado para as crianças. Ainda nos falta muito bom senso msm!
Finalmente eu apareci aqui pra fazer um comentário(e prestigiar o seu tão falado blog, é claro). Ótimo post, anderson ! Você escreve muito bem, o blog tá de parabéns!
beijos,
Lara
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