Na forma líquida
ou na de pílula, cada vez mais pessoas usam suplementos na tentativa de perder
peso. Com esse objetivo, só estão perdendo dinheiro
O óleo de coco,
seja na forma líquida ou na de pílula, é o emagrecedor da moda. Na forma de
pílula, é ingerido duas vezes ao dia. Líquido, também pode ser ingerido ou
usado no preparo de alimentos. Na Mundo Verde, uma rede de 205 lojas de
produtos naturais espalhadas pelo Brasil, as vendas aumentaram 500% nos últimos
4 meses, mais do que qualquer outro produto. O frenesi não deve continuar por
muito tempo. Vários alimentos, bebidas, sementes e produtos naturais caíram no
esquecimento pela ausência de estudos científicos e resultados práticos que
comprovassem sua eficácia. O caminho dessa nova moda parece ser o mesmo.
Saiba mais
COLESTEROL
O colesterol é
importante para o organismo para sintetizar vitaminas e hormônios, mas eles não
circulam livremente pelo sangue. Para fazer isso, é preciso que se juntem às
lipoproteínas, como a HDL (sigla para high density lipoproteins,
ou lipoproteínas de alta densidade) e a LDL (low density lipoprotein,
lipoproteínas de baixa densidade). A HDL impede que a LDL forme placas de
gordura nas artérias que dão origem à aterosclerose, diminuindo ou obstruindo o
fluxo sanguíneo, provocando infartos ou derrames.
ÁCIDO GRAXOS
São as moléculas
que compõem a gordura, que pode ser encontrada na natureza em formato sólido
(gordura) ou líquido (óleos). São formados por cadeias de carbono, que se ligam
a moléculas de hidrogênios. Quanto mais ligações na molécula, mais saturada é a
gordura.
GORDURA SATURADA
Aumenta o LDL no
organismo, que se deposita nas artérias e eleva o risco de problemas cardíacos.
Pode ser encontrada em frituras, carne vermelha e em laticínios em geral.
GORDURA INSATURADA
Diferente das
saturadas, ajuda a reduzir os triglicerídeos, um tipo de gordura que em alta
concentração é prejudicial, e a pressão arterial. Pode ser monoinsaturada ou
poli-insaturada. Essa última pode ser, por exemplo, Ômega 3 e 6, que são os
chamados ácidos graxos essenciais e são as gorduras encontradas em peixes,
linhaça, castanhas e azeite.
O primeiro motivo
é que nada — benefícios ou prejuízos — foi provado em relação ao óleo, o que
basta para impedir que médicos responsáveis recomendem a substância como
emagrecedor. Segundo Gláucia Carneiro, endocrinologista da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e do ambulatório de obesidade da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as evidências científicas são
insuficientes para que as pessoas contem com o óleo de coco para emagrecer.
Não há mal nenhum
em usá-lo, em sua forma líquida, como substituto do óleo de origem animal ou
mesmo do óleo de soja na preparação de alimentos. Ele faz parte do grupo de
gorduras vegetais, mais saudável do que as animais. No entanto, é rico em
gorduras . O azeite de oliva, por exemplo, tem. Para cozinhar, tudo bem. Para
emagrecer, fora de questão.
Sem comprovação — As pesquisas que
encontraram tanto benefícios como malefícios no alimento não foram capazes de
explicar o mecanismo envolvido. Há quem atribua ao óleo de coco a condição de
um termogênico, ou seja, algo capaz de aumentar a queima de calorias no corpo.
Substâncias termogênicas estão presentes no café ou no chá verde, por exemplo,
mas também podem ser encontradas em suplementos alimentares. Mas, de novo, nada
foi comprovado.
Pesquisadores brasileiros da Universidade de Alagoas, em
Maceió, publicaram no periódico Lipids, em 2009, um estudo sobre óleo de
coco. Nele, 40 mulheres obesas de 20 a 40 anos seguiram, por 12 semanas, uma
dieta com restrição calórica (menos consumo de carboidratos, mais ingestão de
proteínas e fibras e semelhante consumo de gordura) e praticaram 50 minutos de
caminhadas todos os dias. Metade delas ingeriu suplementos óleo de soja e as
outras, de óleo de coco. Antes do início do estudo, as participantes
apresentavam níveis de, índice de massa corporal (IMC) e medidas abdominais
parecidas.
Ao final da
pesquisa, aquelas que consumiram óleo de coco apresentaram maiores níveis de
HDL, o colesterol 'bom', e menores de LDL, o colesterol 'ruim', enquanto o
outro grupo teve os dois tipos de colesterol aumentados. A redução do IMC foi
observada nos dois grupos, embora somente o grupo do óleo de coco tenha
reduzido a circunferência abdominal.
Os pesquisadores
concluíram que dieta com suplemento de óleo de coco não aumenta os níveis de
gordura no sangue e reduz medidas abdominais em obesos. Entretanto, eles também
observaram que o suplemento pode induzir uma resistência à insulina. Os
cientistas, no entanto, concluíram que outros estudos eram necessários para
avaliar os efeitos do alimento a longo prazo.
Ilusão — Por
causa de resultados controversos como esses, que indicam tanto benefícios
quanto malefícios do óleo de coco, sem confirmar nenhum dado e estabelecendo a
necessidade de novos estudos, os médicos acreditam que incluir óleo de coco na
dieta como um suplemento alimentar não é seguro. "Nenhum estudo feito
sobre óleo de coco tem qualidade que garanta segurança dos resultados, além de
não ter sido publicado em revistas médicas de excelência", afirma Cíntia
Cercato, endocrinologista da SBEM e do Hospital das Clínicas.
O
endocrinologista Alfredo Halpern, professor da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo e autor do livro Pontos Para o Gordo, é mais
taxativo. "O óleo de coco é uma grande enganação. É rico em gorduras , ou
seja, em excesso faz mal, e não tem nenhuma dessas propriedades sobre as quais
as pessoas vêm falando. É uma gordura como outra qualquer: pode ser consumida,
mas também é capaz de engordar o indivíduo", afirma.
O óleo de coco não
precisa ser exterminado. Ele pode substituir outras gorduras, como manteiga,
óleo de girassol e azeite, na preparação de alimentos, desde que haja bom
senso. "A gordura não é proibida. O ideal é que ela represente, no máximo,
30% do total de calorias que consumimos ao dia, dependendo do tamanho, do peso
e do estilo de vida do indivíduo. As gorduras saturadas, porém, não devem
ultrapassar 7%", diz o endocrinologista da SBEM e chefe do grupo de
obesidade do Hospital as Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Márcio
Mancini.
Mancini, porém,
reafirma: para emagrecer, o óleo de coco é uma bobagem. "Quem compra essa
ideia joga dinheiro fora, se ilude com um caminho fácil para a perda de peso e
acaba se decepcionando."
Fonte: Veja
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