Por Gretchen Reynolds (tradução Renata
Souza, revisão Anderson Brandão)
Pesquisadores
confirmaram que as pessoas que respondem fisiologicamente ao exercício variam
muito. Agora um novo teste genético promete dizer se você é propenso a se
beneficiar aerobicamente dos exercícios. A ciência por trás desse teste é
promissora, mas é uma informação que qualquer um de nós realmente precisa
saber?
O
novo teste, que começou a ser vendido pela empresa Britânica chamada
XRGenomics, esta disponível para qualquer um que entrar no site da empresa. O
teste envolve esfregar um cotonete fornecido pela empresa - por dentro da sua
bochecha e devolver a amostra para ser analisada. Os resultados ficam prontos
em poucas semanas. Isto é baseado numa pesquisa feita por James Timmons,
professor de sistemas biológicos na Universidade de Loughborough na Inglaterra e
colegas do Centro Pennington de Pesquisas Biomédicas em Louisiana entre outras
instituições.
Essa
pesquisa original, publicada em 2010, observou geneticamente porque algumas
pessoas respondem a exercícios aeróbicos tão vigorosamente, enquanto outras
não. Alguns homens e mulheres de sorte começam a correr, por exemplo, e
rapidamente ficam melhores condicionados aerobicamente. Outros completam o
mesmo programa de treinamento e desenvolvem pouca ou nenhuma capacidade
aeróbica adicional, medida pelo aumento do VO2 max, ou habilidade do corpo de
consumir e distribuir oxigênio aos músculos que estão trabalhando.
Desse
estudo de 2012, Dr. TImmons e seus colegas fizeram uma tipagem genética dos
tecidos musculares de diversos grupos de voluntários que tinham completado 6 a
20 semanas de treino aeróbico. Eles descobriram a existência de 30 variações em
como os genes são expressos que tiveram efeitos significativos em como as
pessoas ficavam condicionadas. O novo teste procura por esses marcadores
genéticos no DNA das pessoas.
“A
ideia é ajudar as pessoas a entender porque eles podem estar progredindo
lentamente em um programa de exercício enquanto seu parceiro progride mais
rápido”, diz Dr. Timmons, um dos fundadores da XRGenomics.
Depois
que ele apareceu no programa de ciência da BBC ano passado, Dr. Timmons recebeu
vários e-mail e telefonemas requisitando o teste. Naquele ponto, ele e vários
colegas registraram uma patente (ainda pendente) para marcadores genéticos e
trouxeram o teste para o mercado.
Esse
teste se junta a outros, menos sofisticados kits de testes que relacionam os
genes com os exercícios já disponíveis. Esses testes, que não são monitorados
pela FDA, normalmente contam com um único marcador de gene e afirmam ser
capazes de prever se você – ou seu filho – terá sucesso como corredor de longa
distância, ou um atleta de potência, como o velocista.
O
novo teste é certamente mais verídico, com “uma base científica mais forte do
que esses kits anteriores”, diz Tuomo Rankinen, um professor de genética em
Pennington, que também foi um autor do estudo genético original, mas não tem
envolvimento com a XRGenomics. Mas, acrescenta, ele se baseia no VO2 max,
apenas uma medida de como uma pessoa responde ao exercício, por isso tem
severos limites.
O
novo teste não vai te dizer, por exemplo, como o exercício pode afetar sua
pressão sanguínea à longo prazo, Dr. Rankinen diz, ou também como sua
sensibilidade a insulina pode mudar, ou se perderá peso. Os marcadores
genéticos relacionados a essas respostas saudáveis ao exercício são um pouco
diferentes daqueles relacionados ao Vo2 max, ele diz.
Em
outras palavras, o entendimento científico de como o seu DNA afeta sua resposta
corporal geral ao exercício esta começando a caminhar.
O
que não significa que ninguém que esteja disposto a fazer teste deva desistir
de fazê-lo. Atualmente o teste básico custa em torno de $318 para ‘genotipagem’
e um breve relatório de acompanhamento. Por algo em torno de $478, você recebe
uma explicação mais extensa das descobertas, junto com recomendações
customizados de exercícios da consultoria científica da empresa. O relatório
pode sugerir, por exemplo, que se você tiver uma resposta lenta a exercício
aeróbico, você deve se concentrar em treinos de força ou reorientar o seu
treinamento.
“O
que nós desejamos”, ele diz, é que esse teste e relatório “encorajem as pessoas
a continuar se exercitando”, que de outra forma poderiam parar quando correr ou
nadar não as tornava mais aptas.
Por
outro lado, algumas pessoas podem olhar para o resultado de ter lenta resposta
ao exercício aeróbico como uma desculpa para parar o treino por completo, ele
admite.
Mas
o Dr. Bouchard diz que essa seria a pior mensagem a ser tirada de qualquer
teste genético. “Esse é um bom teste, na medida do possível”, ele diz. Mas os
genes jamais serão o destino.
No estudo genético original de 2010, os autores
concluíram que aquele perfil genético descoberto é responsável por pelo menos
23% da variação na forma como as pessoas respondem ao treinamento aeróbico, o
que, nos termos genéticos, é uma forte contribuição. Deixando mais ou menos 77% de como você
responde aos exercícios em suas mãos.
Fonte: New York Times
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